A compra do primeiro carro zero quilômetro da bancária Fernanda Oliveira foi sonhada durante muito tempo e planejada por três meses. Mas, seis meses depois de tirar da concessionária o veículo novo, financiado em 60 prestações, ela e o marido, o empresário Pedro Luiz Gonçalves, ganharam uma grande dor de cabeça.

"Apareceram algumas manchas na pintura. Levei a uma empresa de polimento, e disseram que a lateral traseira do carro tinha sido retocada", conta Pedro. Isso foi em março, e uma semana depois ele procurou a concessionária onde tinha comprado o carro, um Gol preto. "O gerente falou que não havia registro de pintura do veículo na concessionária e me mandou resolver com a Volkswagen. E ainda foi grosseiro comigo", reclama ele.

A mulher dele procurou a montadora e registrou uma reclamação. Ela pretende também ir à polícia e ao Procon. "Para eles, é só um carro a mais, mas, para mim, é tudo que eu tenho", conta. Ela diz que pesquisou três meses antes de fazer a compra e optou pela concessionária por ser a empresa que ofereceu o menor preço. "Todas as revendas batiam o martelo em R$ 28 mil, e eles fizeram por R$ 27.300, mas foram R$ 700 que me saíram muito caro".

A Volkswagen e a revenda informaram que irão avaliar o caso. Por meio da assessoria de imprensa, a montadora disse que iria entrar em contato com a concessionária e com os clientes. O gerente da assistência técnica da agência, Kleber Fernando Duarte, também disse que iria procurar os clientes. Segundo ele, o veículo tem que ser avaliado pela empresa.

Duarte diz que o que pode ter acontecido é uma falha na pintura. Nesse caso, o veículo seria repintado. "A pintura está incluída na garantia do veículo", diz o gerente da revenda.

Solidários. Se ficar comprovado que o Gol de Fernanda e Pedro foi mesmo reparado antes de ser entregue, a Volkswagen e a revenda podem ser responsabilizadas, diz o coordenador do Procon da Assembleia, Marcelo Barbosa. "Quem fabrica e quem vende são solidariamente responsáveis pelos vícios de qualidade do produto. É o que diz o Código de Defesa do Consumidor."

Ele explica que o consumidor tem 90 dias de prazo para reclamar defeitos no produto, mas, em caso de "vício oculto", que é quando o problema só aparece com o uso, o prazo começa a contar depois de constatada a falha. O cliente deve procurar primeiro a loja e depois recorrer ao fabricante. Em todos os casos é importante registrar a reclamação e guardar números de protocolo, cópias de e-mail e outros.

O consumidor tem direito a receber o dinheiro de volta, à troca do produto por outro igual em perfeito estado ou a um desconto no preço. "No caso do carro, não recomendo o desconto, porque o bem vai ficar desvalorizado para sempre", aconselha Barbosa. Ele completa que se não conseguir negociar pela via amigável, o consumidor pode recorrer ao Procon ou à Justiça.

LaudoTécnico 

Pedro Gonçalves diz que pode recorrer a uma empresa especializada para fazer um laudo comprovando a avaria do veículo. "Estou disposto a pegar dinheiro emprestado para pagar a perícia", diz.

Algumas dicas ajudam a identificar problemas em carros, como consultar um mecânico de confiança, testar todos os itens eletrônicos antes de receber o veículo e conferir os últimos serviços realizados, como trocas de filtros, alinhamento e troca de pastilhas de freio. Em geral, os cuidados são tomados por compradores de veículos usados, mas, alguns podem ser adotados por proprietários de carros novos, como testar o funcionamento de faróis, seta, buzina e outros itens antes de receber o veículo.

No caso de algum barulho estranho ou falha na pintura, por exemplo, a dica de procurar um mecânico de confiança para uma opinião especializada pode ajudar. Segundo o coordenador do Procon da Assembleia, Marcelo Barbosa, casos como o do carro de Fernanda e Pedro não são tão raros como parecem. “Há registros de venda de carros que foram danificados por chuva de granizo e vendidos como novos”, diz. (APP)

Marcelo Barbosa, do Procon, diz que dinheiro pode ser devolvido FOTO: GUILHERME BERGAMINI / ALMG Marcelo Barbosa, do Procon, diz que dinheiro pode ser devolvido

Livraria admite falha e entrega prêmio a vencedor de promoção

Vinte dias depois de a reportagem de O TEMPO mostrar o problema que o universitário Daniel Faria de Freitas teve em uma promoção realizada pela Saraiva, o problema foi resolvido. Ele questionava o mecanismo de apuração do vencedor, e a empresa constatou a falha e deu a ele o prêmio, um Xbox, o videogame da Microsoft. “Um dia após a publicação da matéria, a Saraiva me enviou uma mensagem pelo Twitter pedindo meu telefone para contato e, no dia seguinte, me informaram que a falha foi constatada, se desculparam e enviaram o prêmio. A confiança que estava abalada com o ocorrido agora está de volta”, diz Daniel. Além do Xbox, que era o prêmio da promoção, a Saraiva enviou a ele dois games. “A empresa busca alcançar a satisfação de seus clientes”, diz nota da Saraiva. (APP)